PT defende o indefensável na Venezuela
A direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) ignorou a cautela do governo Lula em relação às eleições na Venezuela ao parabenizar Nicolás Maduro pela suposta vitória na disputa do último domingo (28), e colocou o presidente em uma saia-justa. Além de não haver qualquer garantia de que o resultado proclamado pelas autoridades venezuelanas esteja de acordo com o que a população depositou nas urnas, surgem sérios indícios de fraude.
Na manifestação que fez logo após o pleito ser encerrado, o Itamaraty afirmou que aguarda a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, e considera esse um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
Mas a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, se baseou apenas no discurso de Maduro e decidiu o parabenizar pela “vitória”, o que na prática é uma forma de chancelar o resultado. Além de irresponsável, a manifestação reforça a digital do PT em um governo autoritário, que persegue adversários e não dá demonstração alguma de que venceu o pleito.
A partir de agora, o silêncio de Lula deixa de ser cautela e passa a ser conivência. Afinal, não se pode dissociar a manifestação do partido à postura de seu principal líder. Até pela estreita relação que o mandatário possui com Gleisi Hoffmann, alçada à presidência do partido por suas próprias mãos.
Se não repreender publicamente a direção PT e continuar distante dos países que exigem transparência sobre o resultado eleitoral, Lula estará apoiando a continuidade de um governo sem legitimidade, que traz instabilidade para a América do Sul e envergonha o Direito Internacional.
GZH