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Criança que comeu bolo em Torres sai da UTI e vai para ala pediátrica, diz hospital

A criança de 10 anos que comeu um bolo com a família em Torres, no Litoral Norte, teve alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de acordo com o boletim médico do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes divulgado nesta terça-feira (31). Três pessoas morreram após consumir o doce e o caso é investigado.

O menino, que é neto de Neuza Denize Silva dos Anjos, a terceira das vítimas, seguirá internado com acompanhamento da pediatria do hospital. O nome da criança não foi divulgado.

O documento também informa que Zeli dos Anjos, de 60 anos, que fez o bolo, segue internada por intoxicação alimentar em estado estável, mas teve piora da função respiratória.

Das sete pessoas que comeram o bolo, apenas os dois seguiam internados.

As vítimas fatais são as irmãs de Neuza, Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, e a filha dela, Tatiana Denize Silva dos Anjos.

Gosto estranho
As pessoas que consumiram o bolo notaram um gosto estranho ao ingerir o doce, segundo o delegado do caso, Marcos Vinícius Veloso. O alimento, com sabor apimentado e desagradável foi percebido logo nos primeiros pedaços. Zeli chegou a interromper o consumo ao perceber as reclamações.

A polícia investiga a presença de arsênio no sangue das vítimas, constatada após exames do hospital onde os sobreviventes estão internados. A origem do contaminante ainda é investigada. Também já foram ouvidas cerca de 15 pessoas no inquérito.

Na sexta-feira (27), policiais foram às casas de familiares em Canoas, Arroio do Sal e Torres para coletar mais elementos para a investigação.

Conforme a polícia, a família tinha boa relação e até o momento não é cogitado que haveria disputa por eventual herança.

Os laudos periciais no bolo, que têm previsão de ficarem prontos na próxima semana, poderão apontar se houve contaminação cruzada de alimentos e o que havia no bolo.

Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil, na última segunda-feira (23) sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não teria comido o bolo. Zeli, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.

Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada "choque pós intoxicação alimentar".

Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, que conduz as investigações, Zeli foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. A maior concentração do veneno foi encontrada no sangue dela. A polícia apura as hipóteses de envenenamento ou intoxicação alimentar.

A investigação encaminhou os corpos das três vítimas para necropsia no Instituto-Geral de Perícias (IGP), órgão responsável por atestar a causa da morte. Resultados devem ser divulgados nesta semana.

O que é arsênio
Conforme André Valle de Bairros, professor de Toxicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o arsênio é o elemento químico, enquanto arsênico é denominado para o composto trióxido de arsênio.

— O arsênico trata-se da forma mais tóxica. A partir de 100 mg é possível a morte de um indivíduo adulto. Geralmente, o arsênico está na forma de pó e não tem cheiro ou gosto. Apesar de ter sido usado como raticida, esta droga pode ser empregada para fins de tratamento oncológico em pacientes com leucemia promielocítica aguda e é comercializada como Trisenox — explica o especialista.

Bairros assinala que arsênico é proibido de ser comercializado no Brasil como raticida e o uso como agente quimioterápico é restrito.

— O arsênio é um elemento de alta toxicidade conhecida pela humanidade e sempre houve um certo temor. Há locais no globo terrestre ricos em arsênio, e isso contamina fontes de água. Mas é algo que precisa ser muito investigado. Há literatura científica, e de fato, há essa contaminação em leite, carne e frutas, porém, o fato de estar expostos a concentrações maiores de arsênio não significa necessariamente uma intoxicação — acrescenta.

GZH




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