Com R$ 100 milhões, projeto dará consultoria e até R$ 15 mil para reerguer pequenos negócios
Um projeto de R$ 100 milhões idealizado pelo Sebrae do Rio Grande do Sul pretende ajudar a reerguer 11,5 mil negócios atingidos pela enchente. Será disponibilizada consultoria e, um toque especial, reembolso de R$ 3 mil a R$ 15 mil dos gastos que o pequeno empresário tiver para reconstruir sua operação. O diretor-superintendente em exercício do Sebrae RS, Ariel Berti, explicou o Sebraetec Supera ao podcast Nossa Economia, de GZH. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra da entrevista, na qual ele também responde a dúvidas de empreendedores.
Qual o objetivo com o programa?
Demoramos um pouco para lançar porque estávamos rodando uma pesquisa com empresas, que nos deu a sinalização de como montar o melhor programa para dar a resposta ao que o empreendedor precisa. Fizemos os trâmites para realocar o orçamento do Sebrae do Rio Grande do Sul, que também foi impactado, com cinco unidades alagadas, inclusive a sede.
E o que a pesquisa mostrou?
Chamou a atenção que mais de 70% das empresas dizem que as perdas financeiras vão até R$ 50 mil. Não é um valor tão expressivo, o que dá um alento. Mas sabemos que o contingente de afetadas é enorme. O Sebrae estima que em torno de 600 mil micro e pequenas empresas em áreas alagadas ou que tiveram redução de faturamento.
Porto Alegre acaba inflando o número, não?
Sim. Existe uma estimativa de em torno de 45 mil CNPJs em áreas alagadas só dentro da Capital. Tem ainda Canoas, São Leopoldo e o próprio Vale do Taquari. O 4º Distrito, de Porto Alegre, e o Mathias Velho, em Canoas, têm muitos pequenos empreendedores. A partir disso, nasceu o Sebraetec Supera.
Qual o plano com o programa?
Queremos apoiar 11,5 mil micro e pequenas empresas, além de microempreendedores individuais. Eles não precisam contrair mais dívidas. O cadastro inicial é feito no site do Sebrae, que é o sebrae.rs/sebraetecsupera. Um consultor habilitado fará contato com o empreendedor e, juntos, avaliarão quais são as condições para retomada do negócio, o que foi mais impactado, quais os principais custos, reposição, conserto de máquinas, equipamentos perdidos... E avalia também prioridades para a empresa voltar a operar.
Como será a ajuda financeira?
A partir do plano de ação, o empreendedor adquire os serviços necessários para reparação, como pintura, conserto ou compra de equipamentos. O Sebrae reembolsará microempreendedores individuais até R$ 3 mil, microempresas até R$ 10 mil e empresas de pequeno porte até R$ 15 mil. Todo o processo é acompanhado pelo consultor, inclusive a prestação de contas.
Quais requisitos?
Primeiro, ele tem que estar em uma área alagada do nosso mapeamento e a cidade ter estado de calamidade pública declarado. A segunda condição é ser MEI, micro ou pequeno empresário, ter empresa constituída e conta em banco. Também conta se já teve relacionamento com o Sebrae e suas condições de voltar a operar.
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Como foi disponibilizada a verba?
Nós temos um fundo que está sendo criado, principalmente com uma carga de recursos do próprio Sebrae. Estimamos chegar a R$ 100 milhões. Estamos buscando outros parceiros para compor o que falta, como instituições financeiras. Mas o Sebrae já tem mais do que a metade desse valor no fundo de emergência para atender as empresas.
Quais empreendedores mais se encaixam?
Principalmente os pequenos comércios de bairro, como lancherias, bares e lojas de vestuário. Tem ainda barbearias e salões de beleza. Não têm centenas de funcionários, mas geram uma certa quantidade de empregos e vivem da economia da própria região.
O programa não vai sugerir para as empresas a busca de crédito?
Nós temos uma linha de assessoramento para ajudar as empresas a buscarem crédito. Já conseguimos com o Sebrae Nacional a liberação da taxa de concessão para garantia via Fampe (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas), que é um fundo garantidor de crédito. Facilita porque não gasta com taxa de aval de crédito e pode operar com várias instituições financeiras.
GZH/Giane Guerra.