China aumenta idade de aposentadoria pela primeira vez desde a década de 1950
O governo chinês aprovou nesta sexta-feira (13) um plano para aumentar a idade legal de aposentadoria, uma medida aguardada há muito tempo, mas impopular, para lidar com o envelhecimento acelerado da população. Essa é a primeira alteração na idade de aposentadoria desde a década de 1950, e a mudança será implementada gradualmente a partir de 1º de janeiro de 2025.
Atualmente, os homens se aposentam aos 60 anos, mas essa idade será elevada progressivamente até chegar a 63 anos em 2040. Para mulheres em funções administrativas, a idade de aposentadoria passará de 55 para 58 anos. Já as mulheres que exercem trabalhos braçais, que podiam se aposentar aos 50 anos, terão a idade de aposentadoria aumentada para 55 anos.
Por décadas, especialistas e autoridades defenderam essa mudança, argumentando que as regras anteriores foram criadas quando a expectativa de vida era mais baixa e a taxa de natalidade, mais alta. Eles alertaram que, sem alterações, a força de trabalho e os fundos de pensão seriam sobrecarregados, com mais idosos se aposentando e menos jovens disponíveis para substituí-los.
A população em idade ativa da China vem diminuindo desde 2012, com uma perda anual média de mais de 3 milhões de pessoas, segundo dados oficiais. Em 2023, havia 297 milhões de chineses com mais de 60 anos, representando cerca de 21% da população. No entanto, a proposta enfrentou resistência tanto de trabalhadores mais velhos quanto de mais jovens, que temem que a ampliação da força de trabalho aumente a competição por empregos.
Além disso, a China carece de uma rede de proteção social robusta, e a discriminação por idade no mercado de trabalho é comum, o que gera preocupação entre trabalhadores braçais, que temem ficar desempregados antes de poderem sacar suas pensões.
Essa questão já havia sido discutida pelo governo no passado, mas foi adiada devido à forte reação pública. Agora, a situação é ainda mais delicada. A economia chinesa luta para se recuperar da pandemia de COVID-19, o desemprego juvenil permanece elevado e os governos locais, responsáveis pela gestão das aposentadorias, têm reduzido os pagamentos, provocando protestos.
Nas redes sociais, usuários expressaram frustração com a necessidade de esperar mais tempo para receber benefícios que já consideram insuficientes. Muitos também demonstraram preocupação de que, quando finalmente se aposentarem, os fundos de pensão já estarão esgotados.
Jornal do Sul