Brasil está entrando em ciclo perverso, diz empresário Rubens Menin
É contrastante a calma na voz do empresário Rubens Menin, como é típico de um mineiro, com suas previsões duras para a economia do país.
"Estamos perdendo a guerra da comunicação e, na hora que isso acontece, o mercado fica estressado e um gatilho é disparado: os juros futuros sobem e o Banco Central fica em alerta. Estamos entrando em um ciclo perverso", diz.
De seu escritório em Minas Gerais para uma conversa a distância no fim do ano passado, o fundador, sócio e presidente do conselho de administração da incorporadora MRV, Menin, criticou a alta da taxa básica de juros, a Selic. "Estamos pagando juros altíssimos, o segundo mais alto do mundo. Isso não tem sentido", disse.
O empresário defendeu que todos os atores econômicos se unam em torno de uma agenda econômica comum e cobrou sacrifícios para impedir que os preços ao consumidor saiam do controle, e os juros subam mais ainda.
"O Banco Central tem uma missão única, que é entregar a inflação na meta de 3%. Mas a política monetária sozinha não consegue resolver o problema do Brasil", afirmou.
À Folha o empresário elencou os prejuízos dos juros altos para o mercado imobiliário, setor em que atua no Brasil com a MRV e a Log Commercial Properties. Segundo ele, o país tem bons mecanismos de concessão de crédito imobiliário para todas as faixas de renda, mas afirmou que os juros altos estão minando esses mecanismos.
"Aos poucos, vai sangrando, sangrando, até um momento que não tem volta", diz.
FOLHA SP