BRAGA NETO NÃO COMETEU NENHUM ILÍCITO E NÃO IRÁ DELATAR, DIZ ADVOGADO
A defesa do general Walter Braga Netto solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ele seja ouvido no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após a vitória nas urnas em 2022. Preso desde sábado, 14, por obstrução da Justiça, o militar deverá negar todas as imputações que lhe foram atribuídas pela Polícia Federal, que o coloca como um dos principais artífices da trama golpista, e, por isso, sua defesa rechaça a possibilidade de ele firmar acordo de colaboração premiada.
Braga Netto, no entanto, só deverá ser ouvido após a análise do material apreendido em mandados de busca e apreensão cumpridos no dia de sua prisão. “O general jamais participou de ação, reunião ou ato de financiamento com a finalidade de praticar qualquer espécie de golpe de Estado e nunca teve nenhum comportamento que chegasse próximo de atrapalhar a investigação criminal”, disse o advogado José Luiz Oliveira Lima, que assumiu nesta semana a defesa do militar.
Ele descarta a possibilidade de o militar firmar acordo de colaboração premiada. “O general não irá celebrar nenhum acordo de colaboração, pois não praticou nenhum ato ilícito”, afirmou.
A defesa de Braga Netto também pretende desqualificar o conteúdo da delação premiada do ex-ajudante de ordens do governo de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Ao ministro do STF Alexandre de Moraes e à Polícia Federal, Mauro Cid afirmou que Braga Netto articulou reunião em sua casa para a formatação de um plano golpista e atuou diretamente no financiamento dos executores, ao entregar dinheiro vivo aos “kids pretos”, os militares das Forças Especiais.
“A Polícia Federal se baseia nas palavras de Mauro Cid, que, por sua vez, afirmou que a polícia o obrigou a confirmar uma narrativa pronta. Quem fala a verdade?”, disse Lima, em referência às afirmações feitas pelo tenente-coronel em áudios obtidos e revelados pela revista VEJA em março deste ano, nas quais ele diz que foi pressionado pela PF a referendar uma narrativa pronta.
A estratégia foi definida após duas reuniões entre defensor e cliente na 1ª Divisão do Exército, no Rio de Janeiro, onde o Braga Netto está custodiado. Segundo o defensor, o militar está “sereno, evidentemente desconfortável com a atual situação, mas confiante de que a verdade será esclarecida”.
Confira a entrevista completa:
Como foi a conversa com o general Braga Netto nesta quinta-feira? Alguma definição? O general está sereno, evidentemente desconfortável com a atual situação, mas confiante de que a verdade será esclarecida.
Quais são os próximos passos que a defesa pretende tomar? A defesa já solicitou que o general seja ouvido e preste todos os esclarecimentos. O nosso cliente não se furtará a responder a qualquer indagação.
Existe a possibilidade de o general firmar acordo de colaboração premiada? O general não irá celebrar nenhum acordo de colaboração, pois não praticou nenhum ato ilícito.
Como está o general, física e psicologicamente? Ele é um homem forte, firme, está tranquilo porque sabe de sua inocência.
Qual é a opinião dele sobre a prisão preventiva? Vai recorrer de que forma? Com o máximo respeito à decisão do ministro, entendo que ela é equivocada. Não há absolutamente nenhuma prova que justifique a prisão preventiva do general, um homem com mais de 40 anos de serviços prestados ao Brasil.
Quais são os argumentos do general na defesa dos fatos que lhe são imputados pela Polícia Federal (reunião para discussão de plano golpista, financiamento das ações, obstrução da Justiça)? O general jamais participou de nenhuma ação, reunião ou ato de financiamento com a finalidade de praticar qualquer espécie de golpe de Estado. E nunca teve nenhum comportamento que chegasse próximo de atrapalhar a investigação criminal.
O que o general diz sobre os documentos encontrados em sua sala, que, segundo a PF, mostram a participação e a liderança dele na trama golpista? Nada foi encontrado em poder do general que o incriminasse. A Polícia Federal se baseia nas palavras de Mauro Cid, que, por sua vez, afirmou que a polícia o obrigou a confirmar uma narrativa pronta. Quem fala a verdade?
Houve algum ruído entre as defesas de Braga Netto e de Bolsonaro após o doutor Paulo Bueno ter insinuado em entrevista que os generais dariam um golpe dentro do golpe e que Bolsonaro não seria beneficiado e não ficaria no poder? Eu não assisti à entrevista. Tenho respeito por todos os colegas.
Fonte: Veja